terça-feira, 16 de março de 2010

Em causa recentes escândalos de pedofilia

Por António Marujo

O cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, afirmou que a Igreja Católica deve examinar o tema do celibato eclesiástico na procura de explicações para os actos de pedofilia cometidos por membros do clero.
A declaração do cardeal surge tanto mais importante quanto Schönborn é considerado um homem próximo do Papa Bento XVI.
Numa publicação da sua diocese, hoje editada e citada pela AFP, o cardeal considera que devem ser examinadas sem compromisso as possíveis causas por trás dos escândalos de pedofilia que têm atingido vários países. Nos últimos dias, foram revelados casos na Alemanha, Áustria e Holanda.
“Isso inclui a questão da educação dos padres, tal como a questão do que se passou a seguir à revolução sexual da geração de 1968. Isso inclui o tema do celibato, tal como o desenvolvimento pessoal”, escreve o cardeal.
Na Áustria, nos últimos dias, foram tornados públicos três casos de abusos, relativos às décadas de 1970 e 80. Nos três casos, veio ao de cima o encobrimento que a hierarquia tinha feito do que se passara.
Schönborn acrescenta que compreende a frustração de numerosos funcionários de comunidades religiosas. “Basta de escândalos! Como fazemos nós para sermos considerados suspeitos de infracções que não cometemos? Porque é sempre à Igreja no seu conjunto que é apontado o dedo”, acrescenta.
Quem não tem dúvidas sobre a importância do celibato na questão é o teólogo germano-suíço Hans Küng, que viu várias das suas posições serem condenadas logo no início do pontificado de João Paulo II. Antigo colega do actual Papa na universidade, ainda na Alemanha, Küng admite que estas situações acontecem também nas famílias, escolas, associações e em igrejas onde não existe a regra do celibato.
Num artigo publicado no "Le Monde", sexta-feira passada, Hans Küng sublinha que “estes desvios não se devem atribuir ao celibato”. “Mas este é a expressão estrutural mais surpreendente da relação crispada que a hierarquia católica mantém com a sexualidade, a mesma que determina a sua relação com a questão da contracepção e outras.”
No texto, o autor de O Cristianismo – Essência e História, e de várias outras obras publicadas em português, acrescenta que no evangelho o celibato “não pode ser considerado senão como uma vocação livremente consentida (um ‘charisma’) e não como uma lei universalmente constrangedora”. E acrescenta: “É o celibato erigido em regra que contradiz o evangelho e a tradição do catolicismo primitivo. Convém, por isso, aboli-lo.”
A regra do celibato, escreve ainda este teólogo, tornou-se um pilar essencial do sistema “romano”, reforçando o clericalismo. Ao mesmo tempo, tornou-se hoje a causa principal do “défice catastrófico” do número de padres, do “abandono – carregado de consequências – da prática da comunhão e em muitos casos do desmoronamento da assistência espiritual personalizada”.

celibato e pedofilia

Foi o grande Papa São Gregório VII (papa de 1073 a 1085) que introduziu na Igreja o celibato obrigatório para os seus sacerdotes, agindo com a melhor das intenções, pois queria selecionar os candidatos para o clero, com exceção para os padres da Igreja Católica Bizantina, do Oriente Médio, já que a Igreja estava numa situação muito delicada naquela região, tendo em vista o Cisma lá irrompido em 1054, quando Cerulário, Arcebispo de Constantinopla, decretou a separação de sua Arquidiocese de Roma, fundando a denominada Igreja Ortodoxa Grega.
Muitos padres da Igreja Católica Bizantina já estavam aderindo à Igreja Ortodoxa Grega, por causa da questão Filioque (divergências sobre a Santíssima Trindade com relação à Igreja de Roma). E, se o celibato obrigatório fosse exigido deles, haveria uma debandada geral para a Igreja Ortodoxa Grega.
Sobre o nosso assunto em pauta, o Homem de Nazaré deixou claro que há eunucos de vários tipos, mas que os verdadeiros são os feitos pelo Reino dos Céus. Todavia, quando um jovem recebe o Sacramento da Ordem, tornando-se padre, ele não se transforma, como que por encanto, num desses eunucos santos. E eis aí a questão. Esse padre pode entrar numa forte crise existencial, pois que sua vocação sacerdotal pode ter sido uma ilusão, ou seja, fruto de um idealismo próprio da imaturidade dos jovens.
E, assim, ele está sujeito a aventuras amorosas, ou então, mais raramente, passará a sofrer distúrbios psicológicos, que podem levá-lo às tendências homossexuais ou pedófilas. Logo um padre, que deveria ser um modelo de moral e boa conduta para as outras pessoas, envereda-se pelo caminho das práticas pecaminosas e até criminosas, como no caso da pedofilia. Isso, como não podia deixar de ser,escandaliza tremendamente as pessoas. E aqui até vem à baila a conhecida frase paulina: “É melhor casar que abrasar”.
Embora tenhamos uma grande admiração para com a Igreja e o clero, custa-nos acreditar que o celibato forçado não tenha nada a ver com tudo isso que vem assolando a Igreja. E cremos que todas essas irregularidades existiam também no passado, só que eram abafadas, o que não se consegue fazer facilmente hoje.
E não seria a solução para todos esses problemas a extinção do celibato obrigatório para os padres? Por que não, se ele, como vimos, não existe para os padres da Igreja Católica Bizantina, se São Pedro era casado, e São Paulo disse que o bispo deveria ter uma só esposa, do que até se infere que o padre poderia ter mais de uma?
Autor do livro, entre outros, “A Face Oculta das Religiões”, Ed.Martin Claret

segunda-feira, 15 de março de 2010

Às vezes, demasiadas vezes,
a vida assemelha-se a uma repartição cinzenta,
onde os horários se cumprem sem empenho.
Estamos, mas fazemos sem compromisso íntimo.
Falamos e fazemos,
mas sentindo o nosso interesse noutro lado.
Vivemos, claro, mas com o coração distante.

Como é necessário tornar realmente úteis
os dias úteis!

Úteis não apenas por imposição do calendário.
Úteis, porque vividos com generosidade e sentido.
Úteis, porque não os atropelamos
na voragem das solicitações,
na dispersão das coisas,
mas sabemos (ou melhor, ousamos) fazer deles
lugar de criação e descoberta,
tempo de labor e de escuta,
modo de acção e de contemplação.

É preciso acolher o “inútil”
se quisermos chegar ao verdadeiramente útil.

P. José Tolentino Mendonça

O Jejum

O jejum mais importante é aquele que tem como objectivo esvaziar o nosso coração de inutilidades para o enchermos do que é valioso. É uma limpeza necessária a fim de arranjarmos espaço na aula para as realidades sublimes para que Deus nos criou:
Procuremos Jejuar de julgar os outros, descobrindo Cristo que vive neles;
Jejuemos de palavras ofensivas, enchendo-nos e proporcionando expressões edificantes;
Jejuemos de descontentamento, enchendo-nos de gratidão;
Jejuemos de irritações, enchendo-nos de paciência;
Jejuemos de pessimismo, enchendo-nos de esperança cristã;
Jejuemos de preocupações, enchendo-nos de confiança em Deus;
Jejuemos de lamentações, enchendo-nos do apreço pela maravilha que é a vida;
Jejuemos de pressões que nunca mais acabam, enchendo-nos duma oração permanente;
Jejuemos de amargura, enchendo-nos de perdão;
Jejuemos de dar importância a nós mesmos, enchendo-nos de amor pelos outros;
Jejuemos de ansiedade sobre as nossas coisas, comprometendo-nos na propagação do Reino;
Jejuemos de desalento, enchendo-nos do entusiasmo da fé;
Jejuemos de pensamentos mundanos, enchendo-nos das verdades que fundamentam a santidade;
Jejuemos de tudo o que nos separa de Jesus, enchendo-nos daquilo que d´Ele nos aproxima.
In cruzada

sábado, 13 de março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010


Guerra de salto alto

Pensei que era só a mim que me acontecia. Mas ontem, conversando com dois colegas que são patrões só de mulheres, cheguei à conclusão que não sou o ínico a sofrer com guerras de salto alto. Com todo o respeito e sem querer ofender as mulheres penso que de repente a vida das pessoas foi invadida de guerras e mais guerras. As botas da tropa foram substituídas por saltos altos, a farda por mini-saias e as armas por "diz que disse".