sábado, 27 de junho de 2009

O meu aniversário

Já passaram 2 semanas. Houve muita gente que me ligou ou enviou mensagem por mail, telemóvel ou Hi5. Outros fizeram-no pessoalmente. A todos quero agradecer. Agradecer o fazerem parte da minha vida. Nós somos aquilo que os outros nos fazem. Acredito que outros serão o que são graças aquilo que sou nas suas vidas. O que fazemos na vida uns dos outros... alguma vez nos daremos suficientemente conta da dimensão deste poder de transformar? Algo de nós fica, mas há alturas em que se chega a perceber que alguém não seria a mesma pessoa se não me tivesse conhecido. A minha experiência é esta, de ter conhecido e conhecer pessoas que me fazem diferente, para melhor. E eu ter conhecido e conhecer pessoas que ficaram diferentes, para melhor.
Amigos, família, paroquianos: Agradeçamos o que somos uns para os outros.
Obrigado a todos.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Calma, esforço e delicadeza

No dia a seguir aos meus anos, na Eucaristia em Rio Mau, o Grupo de Jovens tinha preparado uma surpresa. A Paróquia de Rio Mau nunca se esquece do aniversário do Pároco. Não partilho isto para demonstrar o esquecimento de uns e enaltecer a lembrança de outros. Partilho isto, pelo que eles partilharam comigo. Fizeram uma música com letra original. Não contive as lágrimas. É tão bom quando nos amam. Não é um simples gostar. Sei que vindo de quem veio, sentem aquilo que cantaram. E isso tornou aquele momento único na minha vida. De entre palavras que me derreteram destaco aquelas que diziam que as minhas palavras acalmam. Este é o meu papel. Amo a imagem da tempestade que aconte quando Jesus está na barca com os discípulos e ele dorme com a cabeça numa almofada. A vida das pessoas é, muitas vezes, uma correria, um stress, será que os Párocos ainda a devem dificultar mais? A minha experiência e aquilo que partilho poderá ajudar-vos.
Tenho aprendido nas metas que faço na minha vida, a respeitar os ritmos meus e dos outros, sem deixar de ser exigente com aquilo que deve mesmo mudar. Às vezes precisamos de uma paciência quase infinita, normalmente connosco próprios, já que lidamos continuamente com os nossos altos e baixos. Este é o segredo na minha vida pessoal e pastoral. É preciso esforço e delicadeza.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Coragem não é ter bravura. É estar acagaçado de medo e, mesmo assim, querer agarrar a vida pelos tomates.


Com tudo o que há em mim
Eu Te louvarei
Com todas as forças que tens me dado
Eu Te adorarei
Jamais meus olhos verão alguém como Tu
Que me ama e envolve como fazes Tu

Deus como Tu jamais alguém verá
Amor como o Teu ninguém me dará
Tu és fiel amigo e meu consolador
Jesus Tu És amado Salvador

quinta-feira, 18 de junho de 2009

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Deus preocupa-se com os dramas dos homens? Onde está ele nos momentos de sofrimento e de dificuldade que enfrentamos ao longo da nossa vida? A liturgia do 12º Domingo Comum diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe a cada passo a vida e a salvação.
A primeira leitura (Leitura do Livro de JobJob 38, 1.8-11), fala-nos de um Deus majestoso e omnipotente, que domina a natureza e que tem um plano perfeito e estável para o mundo. O homem, na sua pequenez e finitude, nem sempre consegue entender a lógica dos planos de Deus; resta-lhe, no entanto, entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com total confiança.

No Evangelho (Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São MarcosMc 4, 35-41), Marcos propõe-nos uma catequese sobre a caminhada dos discípulos em missão no mundo... Marcos garante-nos que os discípulos nunca estão sozinhos a enfrentar as tempestades que todos os dias se levantam no mar da vida... Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer a oposição das forças que se opõe à vida e à salvação dos homens.

A segunda leitura (Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios2 Cor 5, 14-17) garante-nos que o nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos libertar do egoísmo que escraviza e para nos propor a liberdade do amor, mostra que o nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que quer ensinar-nos o caminho da vida. (in Dehonianos)

Amar não é pecado

"Está circulando a notícia de que opapa João Paulo II, falecido em 2005, tinha uma amiga íntima com a qual se correspondia com freqüência e com a qual se encontrava com certa constância. A correspondência de Karol Wojtyla com essa mulher, cujo nome é Wanda Poltawska, teria durado 55 anos', escreve José Lisboa Moreira de Oliveira, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, e gestor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília, em artigo que nos foi enviado e que publicamos a seguir. O autor foi assessor nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.
Eis o artigo
Wojtyla a chamava de “Dusia”, isto é, “irmãzinha”. Segundo a notícia publicada no sítio do Instituto Humanitas da Unisinos - IHU -, citando outras fontes como o jornal italiano La Stampa, são cartas “extremamente pessoais” que eram trocadas com “inflexível regularidade” pelo correio ou através de amigos comuns. O volume é tão grande que daria para “encher uma mala”. Segundo a descrição das fontes da notícia, as cartas são “envolventes” e o tom de confiança definido como “embaraçoso”. Dizem ainda que Wanda, “estretíssima amiga” do pontífice, criava embaraços e maus-humores na Cúria Romana com seus comportamentos de grande proximidade com o papa. Chegava a ir de pantufas à missa na Capela privada do pontífice. Quando o papa esteve internado num hospital de Roma, após o atentado, ela não teve receio de aparecer nas janelas do apartamento onde se encontrava o papa convalescente. Os dois costumavam irem juntos a passeios pelas montanhas, atividade que tanto fascinava Wojtyla. Era comum Wanda ir passar o verão em Castel Gandolfo, a residência estiva dos papas, nas proximidades de Roma. De acordo com as notícias divulgadas esse relacionamento em tons afectuosos entre um papa e uma leiga estaria sendo motivo de objeção, de dificuldade, de desaceleração do processo de canonização de Wojtyla. Acredito que a ala conservadora e fundamentalista da Igreja deva estar decepcionada e irritada com a circulação dessa notícia. De facto, ela vinha fazendo um esforço enorme para canonizar esse papa, tido como paradigma da Igreja que ela quer que prevaleça daqui por diante. A notícia caiu como uma bomba e foi um duche frio para as pretensões dessa gente. Mas o que dizer sobre isso? Antes de tudo é preciso dizer que a opção pelo celibato não significa castração de toda e qualquer forma de relacionamento com as pessoas. O celibato não exclui a relação de amizade, não exclui a intimidade, não exclui o amor. A relação afetiva pode estar presente na vida de uma pessoa celibatária, sem que isso signifique comportamentos típicos da vida de um casal. Infelizmente a nossa cabeça está poluída pela mentalidade pornográfica e não conseguimos ver a possibilidade de um encontro íntimo entre duas pessoas, sem que esse encontro chegue a genitalidade. A maioria das pessoas – incluindo nessa maioria, padres, frades e freiras – está afectada pela erotização da relação. Por essa razão reduz o encontro entre duas pessoas ao acto genital. Não conseguem pensar a intimidade de outra forma.
Estudos feitos por pesquisadores sérios, como, por exemplo, Rovira, Gentile, Rinser e Müller, provaram que grandes santos celibatários cultivaram amizades profundas com outras pessoas, sem com isso violar o compromisso do celibato. São conhecidos alguns exemplos dessa amizade: São Francisco com Santa Clara, São Francisco de Sales com Santa Joana de Chantal, a grande Teresa d’Ávila com João da Cruz. Aliás, dizem que Teresa d’Ávila, a santa do “só Deus basta”, tinha um grupo seleto de amigos íntimos com os quais trocava correspondências íntimas. Chegava, inclusive, a usar pseudônimos para evitar a ingerência dos bisbilhoteiros da vida alheia. Viajava sozinha com João da Cruz para visitar os Carmelos. Li certa vez em algum lugar que quando as más línguas começaram a coçar, João da Cruz partilhou a sua preocupação com Teresa. Essa não ligou muito. E em tom de brincadeira teria dito: “Quem sabe, para não escandalizarmos, a partir de agora, ao invés de andar cada um num cavalo, vamos os dois juntos num só cavalo”. Francisco de Sales, num escrito íntimo a Joana de Chantal, teria afirmado que quando pensava nela durante a celebração da missa entrava em êxtase. Conheço ainda hoje muitos presbíteros, muitas mulheres e homens de vida consagrada que cultivam amizades profundas, numa intimidade singular, sem, por isso, violarem o compromisso do voto de castidade e do celibato. É claro que essa experiência exige uma maturidade maior, uma clareza precisa da vocação cristã e da vocação específica. Mas não é impossível. Por isso essas pessoas celibatárias são, a meu ver, as mais comprometidas e extremamente doadas à causa do próximo, particularmente dos pobres e excluídos. Porque amam e são amadas de verdade, podem amar sem medo e sem rodeios. Estou convencido de que a relação de João Paulo II com Wanda entra nessa categoria.
O papa, como tantos santos e santas, soube amar uma mulher concreta e de modo concreto, sem com isso quebrar o seu compromisso de homem celibatário. Em segundo lugar é preciso dizer que esse episódio, mais uma vez, confirma a urgência de se rever a lei do celibato obrigatório. O celibato é um dom do Espírito, destinado apenas a algumas pessoas. Alguém pode ser chamado por Deus a viver celibatariamente tanto por um período de tempo, como por toda vida. Disso não existem dúvidas (cf. 1Cor 7,25-40). Porém, ligar obrigatoriamente o recebimento de um ministério ordenado ao celibato é um absurdo teológico que está pondo sérios obstáculos ao chamado divino. O próprio Criador colocou, no DNA do ser humano, a tendência natural para o encontro entre o macho e a fêmea. Não somos imagem e semelhança divinas isoladamente, mas no encontro do masculino com o feminino (Gn 1,27). O próprio Deus reconheceu que o homem não poderia ficar sozinho. Por isso lhe deu uma companheira (Gn 2,18-24). Portanto, ao negar pelo celibato obrigatório essa possibilidade, a hierarquia da Igreja se coloca frontalmente contra um dos princípios mais fundamentais da antropologia bíblica. O facto de que João Paulo II, durante 55 anos, não quisesse “ficar sozinho” e buscasse uma “companheira” com a qual partilhar sua vida, inclusivé a sua vida afetiva, deveria convencer a hierarquia da Igreja a abolir para sempre o absurdo do celibato obrigatório. Estou convencido de que ainda hoje, como durante os primeiros doze séculos do cristianismo, muitos homens são chamados ao mesmo tempo por Deus ao ministério presbiteral e ao matrimônio. A Igreja Católica Romana, com a sua teimosia, está impedindo a realização desse chamado divino. Não se deve insistir na ordenação de padres casados apenas em razão da escassez de presbíteros. Deve-se insistir também, e muito mais, por uma razão teológica, por uma razão vocacional. Não há impedimentos teológicos para a ordenação de homens ca-sados. O que existe é uma disciplina, nascida num contexto maniqueísta de desprezo pelo sexo, pela sexualidade e pelo matrimônio. Hoje se procura justificar por todos os meios essa obrigatoriedade. Mas pesquisas sérias, como aquelas realizadas por Edward Schillebeeckx, conseguem provar que a razão principal da proibição do casamento para os padres foi uma visão altamente negativa do sexo. Começou-se proibindo aos padres de ter relação sexual com a esposa na noite anterior à celebração eucarística. E quando os padres foram obrigados a celebrar missa todos os dias, passou-se à imposição do celibato e à sua conseqüente vinculação com o ministério presbiteral. Por fim, o episódio serve como emblema para denunciar uma prática reinante em certos setores da hierarquia católica romana. Segundo a notícia publicada no sítio do IHU, o cardeal Stanislao Dziwisz, actual arcebispo de Cracóvia e durante 40 anos assessor direto de Wojtyla, acusa Wanda de querer “se tornar importante”, relatando o seu relacionamento com o papa. Para o purpurado a correspondência pessoal do papa “não deveria ser publicada e colocada diante dos olhos de todos”. Concordo plenamente com o direito à privacidade, mas, a meu ver, na fala do cardeal se esconde uma prática bastante comum entre muitos da hierarquia. O sujeito pode fazer tudo, desde que isso permaneça oculto. Pode até violar seus compromissos, como aquele do voto do celibato, mas desde que isso permaneça “por baixo dos panos”. Não estou afirmando que o cardeal concorde com esse tipo de prática. Mas, talvez sem querer, ele terminou por expressá-la. É preciso acabar com essa hipocrisia que tolera e encoberta certos comportamentos, desde que eles não se tornem públicos. É preciso cultivar a transparência e a verdade que liberta. Não acredito que Wanda, hoje no final da vida, esteja atrás de notoriedade. Certamente ela quis relevar ao mundo que foi possível, santo, normal e bonito o amor entre um celibatário famoso e uma mulher. João Paulo II deveria ser canonizado exatamente por isso: por ter cultivado algo tão natural. De facto, a santidade é viver segundo o projeto de Deus, que não quis que o homem ficasse sozinho, mas tivesse uma companheira para lhe ajudar. Amar não é pecado, porque Deus é amor. Quem ama permanece em Deus. Pecado é não amar. Quem não ama ainda não fez experiência de Deus (1Jo 4,7-21). João Paulo II foi personalidade pública, figura marcante na Igreja e no cenário mundial. O que aconteceu com ele serve de referência para muita gente. Que a hierarquia da Igreja Católica aprenda com a experiência de amor de João Paulo II. Que ela passe a ser formada por pessoas que amam de verdade. E que amando alguém concretamente os membros da hierarquia sejam menos rigoro-sos com os outros, menos hipócritas e mais transparentes. Wanda está de parabéns por ter tornado público a sua relação com o pontífice. “Não há temor no amor; mas o perfeito amor lança fora o temor, pois o temor implica castigo; e o que teme não é perfeito no amor” (1Jo 4,18). O cardeal Stanislao Dziwisz defende o papa em sua entrevista, afirmando que ele tinha um modo natural de se relacionar com todas as pessoas. Costumava quebrar protocolos e cultivar hábitos, como aquele de, em público, beijar mulheres no rosto. Portanto, a meu ver, não há nada a temer com essa notícia. Pelo contrário, devemos nos alegrar com ela, pois, se for verdade, tivemos um papa que foi, sob esse ponto de vista, humano e santo. Pena que se queira esconder algo tão natural. Vamos esperar que, mais uma vez, não prevaleçam as máscaras da hipocrisia e da falsidade. “Conhecereis a verdade e a verdade fará de vós homens livres” (Jo 8,32). Por que permanecer escravo da mentira e da ambigüidade? Se João Paulo II amou de verdade uma mulher e permaneceu fiel ao seu compromisso de homem celibatário, por que não colocar isso como referencial para os celibatários e celibatárias de hoje? Não seria isso uma expressão fantástica de santidade? Estou convencido de que o papa amou sendo fiel, mas, se por acaso ficasse provado que ele violou seu voto, isso também deveria ser dito, pois “aquele que comete o pecado é escravo do pecado” (Jo 8,34). E um escravo do pecado não pode ser referencial para os outros. Um papa que defendeu tanto o celibato obrigatório, não poderia ser canonizado se ficasse provado que não cumpriu fielmente esse compromisso. Seria consagrar exactamente o contrário da santidade. Eu pessoalmente estou convencido de que Wojtyla, nesse ponto, foi íntegro. O seu amor por uma mulher foi, ao mesmo tempo, plenamente humano e profundamente fiel. De facto, como afirma Gialdi, “não se pode viver por si mesmo, sozinho. Precisa-se de alguém que compreenda e acolha os segredos do coração e os mistérios da alma”. Agora é esperar para ver, se os burocratas eclesiásticos da Cúria Romana mais uma vez não impuserem o famoso “silêncio sagrado” (Cozzens).

quarta-feira, 17 de junho de 2009

E o que é uma pessoa bonita?

È aquela que nos devolve o olhar com que também olhamos para ela…



Não desistas,
É simplesmente o peso do mundo...
Quando o teu coração pesar
Eu vou "segurá-lo" por ti!
Não desistas,
Porque tu necessitas ser escutado
Se o silêncio te "amarra"
Eu vou quebrá-lo para ti.

Toda a gente quer ser entendida
E eu posso ouvir-te!
Toda agente quer ser amada
Não desistas
Porque tu és amado...

Não desistas,
Isso é a dor que escondes.
Quando estás perdido dentro de ti
Eu estarei lá para te encontrar.
Não desistas,
Porque tu queres brilhar.
Se a escuridão te cega
Eu vou brilhar para te guiar!

Toda a gente quer ser entendida;
E eu posso ouvir-te.
Toda agente quer ser amada;
Não desistas
Porque tu és amado....

És amado... não desistas...


Hoje, enquanto passeava um bocado pelo Youtube, encontrei isto. Uma orquestra e coro que toca três temas do filme "A Missão". Fiqui sem palavras e, por isso, é o que hoje aqui ponho. Há momentos em que música e a imagem nos dizem coisas que nunca as palavras poderiam dizer.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A solidão

Verdadeiramente, aquilo que mais me assusta é a solidão. Creio não haver pior experiência do que querer falar, partilhar, amar e não ter ninguém com que se possa fazer isso. Já me encontrei com algumas pessoas assim, sobretudo nos mais idosos, e é mesmo difícil confrontar-se com esta resignação triste de não ter ninguém. Até podem estar num lar rodeados de funcionárias, mas falta a visita, a palavra, o ombro, o sorriso... daqueles com quem ao longo da vida trocaram tudo isso. Lido com esta realidade todos os dias com aqueles que me estão confiados. Tento minorar esse sentimento neles. Mas por vezes também o sentimos! Na vida do dia a dia, apesar de normalmente estarmos rodeados de pessoas com quem nos damos bem, pode faltar este espaço único de dar o melhor que temos a alguém. É uma questão muito delicada e em grande medida, pode ser causada por opções de vida, mudança de lugar, e tantas circunstâncias que nos afastam de quem gostamos.
No sábado passado, dia 13 de Junho, foi um dia muito feliz. Agradeço a todos os que ajudaram a tornar esse dia um dia inesquecível nas nossas vidas, mas essencialmente nas vidas da Susana e do Ricardo. Resolveram casar no dia dos meus anos. E o meu irmão ofereceu-me, assim, uma cunhada. Além da cunhada ofereceu a mim e há minha família uma outra família. É por isso que o amor é tão belo. Sendo felizes conseguirão fazer outros felizes. E isto acontece com todas as famílias. Hoje, confesso, que dou por mim a pensar na vontade que, muitas vezes, tenho de também eu ser assim. A vida do padre é uma luta constante entre aquilo que deve ser e o tem de ser. Sinto que é fundamental conhecer bem os meus limites. Árdua tarefa! Pedem-me para me entregar sem reservas e ir ao encontro das necessidades dos paroquianos e da Igreja. Preencher o tempo com tantas actividades. Dizem que é uma táctica. Mas há o perigo do activismo. Doar-me tanto e esquecer-me de mim. Isso é bom. Isso não é bom. Esqueço a minha humanidade. Esqueço que sou química e física, osso e carne, tremor e tensão. Por muito que procure espiritualizar a minha vida, a minha entrega, o meu sacerdócio, sinto frio e calor, amor e temor, luz e trevas. E também a necessidade do carinho e do afecto. Sinto a libido e a pulsão. Afinal, a sexualidade é uma das necessidades básicas do ser humano. E o padre, por muito que nos queiram "divinizar", somos seres humanos. Com energias vitais. E vivemos tantas vezes no fio da navalha. "A carne é fraca."Todo e tudo por Cristo, pela comunidade e pelo Reino? Sim. Mas que é difícil, é!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Quando nos sentimos mais sós, quando não nos apetece jantar sozinhos e queremos companhia todos nós temos o os nossos pontos de encontro. Eu também os tenho. E foi num desses pontos de encontro da cidade de Braga (a minha cidade) que há algumas semanas alguém se encontrou comigo, por coincidência, quando saía do carro. Eu que me ia encontrar com os amigos, acabei por ser encontrado por alguém que já não via há muitos anos. Há uns anos era um simples colega de turma de escola como tantos outros. Depois fui para o seminário e as nossa vidas separaram-nos. Hoje ele é toxicodependente acabado de sair da cadeia. Demos um abraço, conversamos, chorou e riu. No fim pediu-me umas moedas. Dei-lhas. Despedimo-nos. Quando cheguei a casa pensei nas voltas que uma vida dá. Quem me dera poder tirá-lo do poço, mas não depende só de mim. Senti-me impotente. Certamente já aconteceu convosco. Mas se depender de nós não tenhamos medo. Ajudemos.
Quase sempre acontece. Receber na segunda feira de manhã algum mail ou mensagem a desejar uma boa semana. E isto também sucede mesmo em dias normais em que alguém diz tem um bom dia, ou um dia muito feliz! E é algo assim gratuito, sem querer saber nada, sem perguntar o que se está a fazer. Apenas desejar o bem para alguém que se quer bem. E fiquei a pensar quantas vezes o gostar de uma pessoa e quere-la bem passa por isto, que é tão pequeno, mas que pode ser tão profundo. Desejar-te bem, que te aconteçam coisas boas, que faças o bem, no fundo, que me alegro com o teu Bem. Quando já não existem muitas palavras nem possibilidade de demostrar o quanto uma pessoa é importante para nós, alegrar-se com o seu Bem faz-me bem. É uma força de comunhão.

Carta branca para que os Bispos possam explusar qualquer padre

O celibato obligatorio dos padres faz correr muita àgua por toda parte e em todos os lados. Tanto na teoria como naa práctica. Veja-se o caso dos dois obispos da República Centro-Africana ou do padre Alberto Cutié. Só para citar dois casos famosos e recentes. A resposta do Vaticano não tardou. Roma dá mais uma vez sai na defesa do celibato obrigatório. E concede poderes máximos à Congregación do Clero e aos ordinarios para que possam utilizar o expediente da reducção ao estado laical como uma "pena". Isto é, por cima e sem submeter-se ao Direito Canónico. Carta branca para explusar os que não se submetam à disciplina eclesiástica.No entanto, até dentro da própria Curia romana há diferentes sensibilidades perante este tema. O cardeal Claudio Hummes, apresentou as novas normas do vaticano como um sinal de abertura. O purpurado brasileiro afirmou que, a partir de agora, seria mais fácil conceder a secularização aos padres que convivem con uma mulher e têm fihos. É preciso recordar que Hummes, escolhido em 2006 como prefeito da Congregação do Clero en 2006, reconhecia que "o celibato não é um dogma, mas só uma norma disciplinar".No entanto, o Papa não parece estar de acordo com a apresentação que fez Hummes da nova normativa. E, no dia siguente, o número dois da Congregação do Clero, Mauro Piacenza, veio clarificar a visão do Romano Pontifice na Radio Vaticana. Com uma versão da nova norma absolutamente contrária à do seu chefe imediato. Segundo Piacenza, a partir de agora, os castigos para os padres que violem a promessa de castidad ou a doctrina seram muito mais severas. Isto é, qualquer situação de grave indisciplina pode culminar na reducção ao estado laical que, com as novas normas, converte-se numa auténtica "pena" com "a consequente dispensa de todos os direitos e obrigações que acarreta a ordenação sacerdotal".Novas normas que ficam ao arbitrio da interpretação da Congregação (sem estarem submetidas ao Direito Canónico) e, sobretudo, dos ordinarios do lugar. Porta aberta a eventuais arbitrariedades episcopais. E não só no âmbito sexual, mas inclusive no plano doctrinal. Qualquer padre poderá ser acusado de "grave indisciplina" e, automaticamente, o bispo poderá expulsá-lo, isto é, poderá reduzi-lo ao estado laical. Sem defesa e sem juizo.E, para além de tudo, a norma não se tornou pública, por enquanto.
Porque existe tanto secretismo? Encaixam estas novas normas com o Direito Canónico e com as garantias processuais que qualquer cristão, e lógicamente também os padres, devem gozar na Igreja? Como andam as coisas para que, nestas altura, tenhamos de recordar-nos do Direito Canónico!Por muito que se empenhem alguns em Roma, o tema do celibato nunca esteve fechado. E nunca estará. Ainda que seja apenas porque um carisma imposto é menos carisma.
Porque existe tanta resistencia ao celibato opcional?
Será só por questões económicas e de logística, disfarlçadas de doctrinarismo e tradição?
Só se abrirá a porta ao celibato opcional quando não houver mais remédio por falta de vocações. E, entretanto, aguentem-se, a pecar fora da própria diocese e a deixar abandonados os fieis que não podem assistir à eucaristia por falta de presbiteros. Alguem terá de pedir-lhes contas.
José Manuel Vidal in Religión Digital

sábado, 6 de junho de 2009

Notícia do Jornal Rio Mau

Depois de durante dois domingos o Conselho Económico ter percorrido as casas da aldeia a fazer o peditório para as obras, estas tiveram o seu início no dia 27 de Abril. A nossa Igreja Paroquial vai ter um chão novo e o tecto restaurado. O Padre Sandro resolveu dar a conhecer à comunidade o que se estava a pensar para a Igreja. Para isso, convocou uma reunião com todos os chefes de família da Freguesia. Foi a Comunidade que decidiu com o Pároco e o Conselho Económico o que iria ser feito. A Comunidade já foi informada, mas mesmo assim deixamos aqui essa informação pela boca do Pároco: “ vai levar um corredor em pedra da porta principal da Igreja até às escadas do presbitério. Um corredor igual vai nascer de porta travessa a porta travessa. Estes corredores vão ser em pedra vila real. Pensou-se na pedra ponte de lima, mas visitando outras Igrejas, achamos que as manchas que essa pedra tem não iriam ficar bem. Optamos, assim, pela pedra vila real. Os espaços entre os corredores serão preenchidos com madeira afisélia. No tecto serão mudadas as madeiras necessárias e feito um tratamento nele todo. Depois de restaurado será pintado. As cores do tecto do altar-mor irão manter-se. No tecto do corpo principal da Igreja irá haver uma ligeira mudança em duas cores (azul bebé e um bege) para que estas fiquem iguais ao outro tecto.
O Jornal Rio Mau resolveu dar a conhecer o ponto da situação relativamente a este assunto. A parte de construção e assentamento de pedra está concluída bem como está tudo preparado para o carpinteiro começar o seu trabalho. O restauro do tecto, está a decorrer normalmente, mas a um ritmo mais lento que o esperado. O Padre Sandro faz saber que “ é um trabalho mais moroso e delicado. É preciso mudar as madeiras que faz falta, colocá-las, restaurar as outras e, depois, vem a pintura. Aproveitaremos para rectificar alguns padrões de cor já que o tecto vai ser todo pintado”. Inicialmente foi comunicado que estaríamos a celebrar na Capela de Santo Amaro dois meses. Era o tempo, até ao fim de Junho, necessário para a conclusão da obra. Quanto a este assunto o Pároco diz que “que vamos conseguir, no fim deste mês, estar na Igreja”. Se não for possível deixa a promessa de que “tudo faremos para não prolongar por muito mais tempo a ida para a Igreja”
Ficamos, assim, a saber o ponto da situação das Obras na Igreja, bem como o que vai ser feito. Para finalizar o Padre Sandro deixa antever uma obra do agrado de todos e deixa, também, a informação que “quando for celebrada lá a primeira Missa, um Domingo, estará patente uma exposição de fotografia de todo o percurso da obra. O Conselho Económico está já a preparar essa exposição para que todos possam ver os vários passos e etapas da obra.”

Santo António...Santo Popular??!

Começam esta semana as festividades de Santo António no nosso Concelho de Vila Verde.
Santo António é um dos Santos Populares! Nada disso… Popular é o Tony Carreira e o seu filho, cabeça de cartaz em Vila Verde, Mikael Carreira de quem toda a gente sabe a letra das músicas e todos os aspectos da sua vida!

Ser inteiro

Amanhã é dia de eleições. Certamente vamos todos votar, sendo esse o dever de todos. Acabou a campanha. Ainda bem. Já estava cansado desta campanha. Foi muito fraquinha. De Europeias não teve nada ou quase nada. Agora para o fim ainda tentaram remediar a coisa. E a propósito das eleições partilho com aqueles que fazem deste blogue um dos seus espaços de leitura/reflexão, aquela que julgo ser das características mais raras no homem actual, mas das mais importantes: sermos inteiros e livres. Ter a liberdade de dizer sim e não é ser inteiro. Isto, hoje, é raro. E é raro, porque nos vários campos da nossa sociedade, diz-se sim ou não jogando. Este jogo é o das probabilidades. É provável que ao dizer sim aconteça isto ou consiga aquilo e ao dizer não aconteça aquilo ou consiga isto. Isto não é ser livre nem inteiro. São um pedaço de "eus", outro pedaço de "outros" e não raras vezes nem sequer são. Aprendamos a (re)conquistar essa liberdade e o sermos inteiramente "nós", se algum dia a perdemos. Hoje a liberdade parece-me que é entendida como neste exemplo: a minha liberdade de dar uma bofetada termina na cara do outro. Liberdade não é isto. Sejamos inteiros e livres, porque só assim seremos inteiramente felizes.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Foi na Capela de Santo Amaro
Eles com a catequista Armandina
“Sê o sal da terra. E não olhes para trás”- Foram estas as palavras que disse este domingo, em Rio Mau, dia de Pentecostes, àqueles que vão, no dia 4 de Julho, ser confirmados, sacramentalmente, na Fé. A estas palavras eles responderam-me: “Quero seguir em frente. Cristo é o meu caminho”. São eles a Mariana Torres, a Bruna Faria, o João Pedro Durães, o Rui Sá Pereira, o Diogo Silva, a Débora Vilas Boas, o Ricardo Costa, a Sónia Faria, a Daniela Vieira, o Hélder Sousa e o Leonel Ferreira. Segui, porque Cristo é o vosso caminho.
Obrigado pelo momento magnífico que nos porporcionastes no Domingo passado.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sempre gostei do jogo do monopólio. Não sei explicar, mas sempre gostei. E por alguma razão que não percebo bem, visto que acho ser um jogo de sorte, quase sempre ganho. Depois de tantos anos de jogar ao monopólio, e ganhar, ficou bem claro para mim que a igreja não é um jogo de monopólio.Infelizmente nem todos chegam a essa conclusão. Estou um bocado cansado de ver pregações que seguem esta linha: "Você está a caminho do Inferno. Mas eu tenho a solução para si! Faça esta oração (normalmente chamada de oração do pecador) e receberá a vida eterna! E Deus o irá abençoar de maneiras que nem imagina!"
A vida eterna é grátis mas não é barata. Jesus morreu para que nós pudéssemos ter a vida eterna, e certamente que ele deseja que nós a tenhamos. E é verdade que para a obter basta uma decisão de aceitar Cristo como Senhor das nossas vidas. Isso obviamente pressupõe que acreditamos nele e que decidimos passar a viver a nossa vida de acordo com os seus mandamentos. Mas ao tomarmos essa decisão, temos de estar cientes de que nem tudo são rosas.
Seguir Jesus implica um preço. Seremos gozados, maltratados, incompreendidos, e nem sempre conseguiremos fazer a sua vontade. Por outro lado sentimos a presença e a paz de Deus connosco quando mais precisamos.A vida eterna não é uma oração que se faz para nos livrarmos do Inferno, é antes uma decisão que se toma de nos tornarmos seguidores de Jesus, e isso implica estar disposto a pagar o preço, seja ele qual for. A vida eterna vive-se dia a dia.