sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os telemóveis

Este é o meu

Todos têm um. E confesso que há neles algo de mágico na forma como um simples telefonema conjuga os felizes acasos da vida. Um encontro há muito ansiado, uma boa novidade, uma voz distante que de repente está ao virar da esquina ou tão só a sua hipótese. Talvez por isso tanta gente seja escrava voluntária deste feiticeiro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

No fim da Missa de Natal em Moure

Se alguém souber onde se compram estes fechos digam-se, pois há gente a precisar deles

No dia de Natal, e como é habitual, há a encenação de Natal. Em Moure, há o costume de o arauto e o anjo, após a encenação, ficarem a acolitar. No passado sábado, dia 25, só ficou a acolitar o arauto, pois, este ano, optamos por o anjos aparecer no púlpito. O púlpito não tem acesso e tivemos de colocar lá o anjo com um escadote antes da Missa. Ficou lá até a final. Chegou o momento do Pai Nosso e convidei a assembleia a dar as mãos enquanto rezavamos esta belíssima Oração. Faço-o algumas vezes e achei que o gesto vincava a nossa filiação com o Pai e a nossa irmandade. Claro que também eu e o arauto, a Mara, demos as mãos. Noutras celebrações eu e os acólitos também fazemos o mesmo, quando acontece este gesto. No fim da missa passei por um grupo de senhoras que estavam adro e não deram por mim. Ouvi isto: "O nosso Padre apanha-se ao lado duma rapariga e manda logo dar as mãos para ele também as dar a ela".

A minha vontade era parar e perguntar se a Eucaristia para elas se resumia aquilo. Confesso que até me apeteceu fazer como Jesus quando expulsou os vendedores do templo. Pegar num chicote e correr, não com as vendedoras, mas com as dadoras de palavras ridículas. Mas resolvi passar e sorrir até porque estava com pressa porque tinha hora marcada na Ermida para a última celebração do dia.

Noa 20 minutos de caminho até lá dei comigo a pensar que era mesmo Natal. É que noutras circunstâncias tinha parado e dado uma esfrega aquelas senhoras. Porque passei e sorri? Não sei. Talvez por ser Natal. Quem me dera ser assim tantas vezes. Mas nem sempre consigo. Até porque não sou nenhum saco de boxe para levar sempre porrada. Mas confesso que vou tentar passar e sorrir mais vezes.
O nosso Papa Bento XVI, na noite de Natal "afirmou que ainda que, com a encarnação do Filho de Deus, tenham surgido "ilhas de paz" - "em todo o lado onde ela é celebrada, temos uma ilha de paz, daquela paz que é própria de Deus" - também "é verdade que ‘o bastão do opressor' não foi quebrado'", segundo falava o profeta Isaías. "Também hoje marcha o calçado ruidoso dos soldados e temos ainda incessantemente a ‘veste manchada de sangue'", à qual fazia alusão o profeta do Antigo Testamento. Por isso, o sucessor do apóstolo Pedro compôs esta oração para o Natal: "Senhor, realizai totalmente a vossa promessa. Quebrai o bastão dos opressores. Queimai o calçado ruidoso. Fazei com que o tempo das vestes manchadas de sangue acabe. Realizai a promessa de ‘uma paz sem fim' (Isaías 9, 6)". E concluiu: "Nós vos agradecemos pela vossa bondade, mas pedimos-vos também: mostrai a vossa força. Instituí no mundo o domínio da vossa verdade, do vosso amor - o ‘reino da justiça, do amor e da paz'". No final da Missa, algumas crianças levaram a imagem do Menino Jesus ao portal de Belém preparado dentro da Basílica Vaticana. O Papa se recolheu em oração silenciosa diante da representação artística."
in site Zenit


Aos portugueses Bento XVI disse que esperava que o frenesim destes dias não apagasse a luz do Natal. Desejou na Praça de São Pedro, que o Natal trouxesse a todos os portugueses calma e serenidade para enfrentar o caminho difícil que o pais está, e vai continuando, trilhando. Alertou também para que no meio das actividades frenéticas do mundo, o Natal possa trazer a cada um sossego e alegria de modo a que possamos sentir a bondade do nosso Deus, Ele que se faz menino para nos salvar e dá nova coragem e luz para o nosso caminho!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Presépio somos nós

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro destes gestos que em igual medida
a esperança e a sombra revestem
Dentro das nossas palavras e do seu tráfego sonâmbulo
Dentro do riso e da hesitação
Dentro do dom e da demora
Dentro do redemoinho e da prece
Dentro daquilo que não soubemos ou ainda não tentamos

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro de cada idade e estação
Dentro de cada encontro e de cada perda
Dentro do que cresce e do que se derruba
Dentro da pedra e do voo
Dentro do que em nós atravessa a água ou atravessa o fogo
Dentro da viagem e do caminho que sem saída parece

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro da alegria e da nudez do tempo
Dentro do calor da casa e do relento imprevisto
Dentro do declive e da planura
Dentro da lâmpada e do grito
Dentro da sede e da fonte
Dentro do agora e dentro do eterno

Um poema de José Tolentino Mendonça

O meu álbum preferido de 2010







Fica um cheirinho. Quem quiser saborear... eu tenho o albúm.

Santo Natal para todos...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Gosto muito do Natal. Do Natal cristão, mas também das lojas, da música, das luzes... mas vou confessar uma coisa: se ele durasse muito mais tempo acho que teria um esgotamento nervoso.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Desculpem-me os mais sensíveis, mas sempre gostei desta. Está demais...


Hoje começa o Inverno. Fico satisfeito por saber que a partir de amanhã os dias vão começar a crescer até ao solstício de Verão. É que detesto que seja noite escura às cinco da tarde!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pais Natais suicidas

Quando se fala apenas na alegria e solidariedade trazida pelo Natal, quase ninguém aborda o lado negro desta quadra festiva. Falaremos hoje do drama vivido nesta época cheia de significado por aquele que é, talvez, o maior símbolo do Natal e o mais reconhecido pelas crianças do todo o Mundo. Falamos obviamente do Pai Natal.
Esta figura mítica é hoje a base de uma indústria que move milhões. O grande problema é que não há lugar para toda os profissionais. A Associação Portuguesa de Pais Natais Profissionais aponta o dedo ao Governo. Segundo Nicolau Neve, presidente da APPNP, "o governo não acautelou os direitos deste grupo profissional ao permitir o acesso ás funções de Pai Natal de profissionais não acreditados e com formação não adequada. Isso é particularmente ofensivo quando observamos a usurpação das nossas funções por Pais Natais temporários, biscateiros que julgam que basta colocar umas barbas postiças e gritar HO HO HO nos centros comerciais. De notar que os Pais Natais inscritos na APPNP, a única entidade acreditada para o acreditamento dos Pais Natais em Portugal exige, por exemplo que as barbas brancas sejam originais e não permite o uso de barbas postiças." Esta situação está a levar ao desespero os Pais Natais mais antigos nas funções uma vez que "os centros comerciais optam por serviços mais baratos destes profissionais não reconhecidos, não dando importância à qualidade dos serviços prestados" ainda segundo Nicolau Neve. Os profissionais no desemprego estão a perder qualidade de vida, sendo este facto particularmente visível no que diz respeito à saúde. A APPNP garante aos seus profissionais um seguro de saúde que permite a monitorização regular do estado clínico dos seus afiliados. Rudolfo Azevinho, Pai Natal no desemprego, afirma "esta barriga que aqui vêm é genuína. Nos 20 anos de exercício profissional nunca usei nenhuma almofada por baixo do fato vermelho. Mas isto é uma profissão de risco, de desgaste rápido pois esta barriga traz consequências: problemas de coluna e joelhos, colesterol e problemas gástricos".
Estas razões levam a que cada vez mais Pais Natais optem por acções radicais, entre as quais a mais popular é o suicídio. É cada vez mais comum observarmos Pais Natais pendurados nas janelas dos prédios, nas varandas e nas árvores. As posições dos seus corpos transparecem o desespero em que se encontram e aquela corda a que se agarram simboliza o fino fio de esperança a que ainda se agarram. Mas a vida continua, indiferente, ao apelo desta gente que clama por ajuda. As pessoas passam, olham e seguem o seu caminho tal a normalidade destas acções. A taxa dos que se soltam em direcção ao abismo é cada vez maior, os que se mantêm agarrados ao fio da esperança e da vida passam, muitas vezes, dias, semanas expostos à intempérie sempre abandonados, sempre sós, sempre desesperados.

Artigo do Jornal "Barbas Brancas"


Ou haverá Coisa Mais Parva que Pendurar um Pai Natal Insuflável no Parapeito da Janela?

Feliz coincidência

Igreja Matriz de Rio Mau
Ponto Turístico > Monumento
Rio Mau
4730 Rio Mau, Vila Verde
Igreja barroca comum, de decoração simples, uma só nave, sacristia e torre sineira nas traseiras. O seu protótipo é a Igreja de São Victor na cidade de Braga.

Encontrei isto no sitio igogo. Nunca tinha dado conta, nem fazia ideia, que a Igreja de Rio Mau é um protótipo da Igreja da Paróquia de onde sou natural e onde cresci.
Ainda a semana vai a meio e já estou farto disto... são problemas que têm que ser solucionados, é uma panóplia de questões que, uma a uma se vão resolvendo, mas que arrasam por completo toda a paciência e seriedade que existe em cada um de nós. Faz com que fiquemos mais irritadiços e com falta de discernimento para poder pensar com calma sobre cada assunto.
Parafraseando o meu amigo e condiscípulo Padre Vitor Rodrigo: temos sempre de encontrar soluções para problemas que nao fomos nós a criar.

As pontes e a crise

Esta manhã destinei-a para visitar alguns doentes de Moure. Uma experiência sempre enriquecedora. Mas antes de a iniciar tinha de tomar o meu cafezinho matinal habitual. Estava sozinho na mesa, a ler o JN, e de repente (peço desculpa pelo atrevimento) desviei a atenção para a mesa do lado onde estavam 2 senhores, de calendário na mão, a ver os feriados do ano 2011 que darão para fazer ponte (o termo correcto é tolerência de ponto). No meio do meu sorriso ao ver o entusiasmo deles pensei que é desta forma que se percebem as prioridades das pessoas no combate à "crise".

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A publicidade da minha infância. É tão bom recordar

Quando será que a Igreja vai ouvir a sociedade, em vez de dizer que os problemas estão na sociedade, vendo nela um inimigo em vez de a escutar

O Natal de muitos. É o teu?


Movimento anti-popota, Leopoldina e arredondamentos

É extraordinário como é fácil fazer caridade com o dinheiro dos outros!!!
Pedem-nos "apenas" dois euros e fazem-nos o favor de doar um para a caridade. Claro que quem aparece a doar no final de vários milhares são os donos dos grandes armazens... com o nosso dinheiro!!!
Reparem no que diz o site de um dos grandes supermercados: "nestes últimos três anos conseguimos angariar (...) um montante superior a um milhão de euros"... Extraordinário realmente, sobretudo se pensarmos que esse milhão de euros foi automaticamente DEDUZIDO dos impostos dessa empresa... como se fosse dinheiro DELES e não nosso!!!
Se querem dara para a caridade dêm directamente... ou então entreguem o seu donativo a instituições que estão no terreno, sem intermediários.
Então porque dão aos Modelos, Continentes e Wortens...?
Eles têm obrigação e responsabilidade social a cumprir então que cumpram pela parte deles?
Publicada por Padre Inquieto

Se eu quiser falar com Deus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que ficar a sós
Tenho que folgar os nós dos sapatos
Da gravata, dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter as mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

E se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Eu tenho que subir aos céus
Sem cordas para segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar decidido
Pela estrada...

Se eu quiser falar com Deus!
(Elis Regina)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Recordar é viver


foto tirada da torre da Igreja quando caiu o telhado do Salão Paroquial e que me foi enviada pelo Padre Sérgio

A semana passada fui presidir a um funeral de um vizinho, o Sr Brás. Como é meu costume chego sempre cedo a tudo. Faltava 1/2 hora e os meus Párocos (sim no plural porque tenho mesmo dois) foram-se mostrar o salão Paroquial, que está em obras, bem como os espaços exteriores. Já não ia a este espaço há muitos e muitos anos. Ao começar a subir as escadas que dá entrada para o espaço pensei: “Quanto tempo...”
Tudo estava diferente, como se compreende. No entanto aqueles tempos passados vieram à minha memória... o lugar onde me sentava, as catequistas, os meus colegas... tudo era simples e muito diferente dos tempos actuais.
Além das paredes, do palco e da rede que tapava um ringue, hoje desactivado, pouco mais me era familiar.
Olho aquelas páginas da minha vida e penso de como são diferente das páginas dos miúdos de agora. Era sempre com alegria que estávamos na catequese. Não só aprendíamos como nos divertíamos.
Se gostávamos da catequese, gostávamos igualmente do tempo anterior e seguinte. As correrias com os nosso amigos e depois para casa, com a mochila às costas pela rua D. Pedro V fora.

Tempos que deixam muitas saudades, certamente os melhores que já vivi. Em tudo encontrávamos pretexto para parar e brincar um pouco...!
Chegado a casa, pensei nos miúdos de hoje e senti que se fosse miúdo de novo não saberia como viver. Os espaços onde “havia vida” onde se ouvia o riso dos miúdos, as correrias, toda a sua alegria... já não existem. Onde irira jogar à bola se o parque de estacionamento junto a minha casa está sempre cheio de carros? Onde iriamos brincar às cabanas se o campo e o riacho estão cobertos pelo Braga Parque e Pingo Doce? Como iria de boleia para Prado andar de canoa se hoje é um perigo andar de boleia com desconhecidos. Eu seu que naquele tempo também, mas era criança.

Decididamente não sei se conseguiria ser miúdo de novo, não sei se quereria... Nada seria como antes!
Foi bom e é bom recordar!

Preparai os caminhos do Senhor

É noite!
Quase todos dormem na aldeia. Quase...
Alguém se aguenta acordado, e com o seu olhar vigia a aldeia.
Lá do alto tudo mantém ao seu alcance...
A lua brilha, há estrelas no céu...
Nos limites da aldeia olha um longo rio, uma outra aldeia e um inúmero de colinas que se perdem no horizonte... tudo está calmo!

De repente, ao fundo nas colinas, uma imagem prende a sua atenção do seu assento.
Alguém vem longe. A distância é alguma...mas em algumas horas entrarão na aldeia mais próxima. Entre sombras, consegue perceber um casal e um jumento... sobre eles, uma estrela diferente de todas as outras, de brilho mais alegre, mais forte...

Procura olhar de novo todo este quadro...
É então que recorda todos os rumores que se têm feito ouvir naqueles dias por toda a aldeia. Finalmente tinha chegado o momento pelo qual todos esperavam...

O moço, de coração alegre, desce do seu posto, corre pelas cerradas ruas, salta dificuldades... e entre grito e tropeços, chega junto do sino.
Ouve-se um fernético Ding... dong... (som do dobrar dos sinos!)
Os que não tinham acordado com toda aquela confusão, dificilmente continuariam a dormir com aquele forte dobrar de sinos!

A aldeia desperta!
Procuram compreender o motivo de toda aquela algazarra...
Os archotes começam a acender um por um... de um momento para o outro, toda a aldeia estava iluminada e escutava os gritos do jovem moço...

“Está a chegar, está a chegar... há uma estrela no céu, há uma estrela no céu, ao longe... Está a chegar! O momento que todos esperávamos está próximo, Aquele que foi profetizado vai nascer... o messias vai nascer!”