Por António Marujo
O cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, afirmou que a Igreja Católica deve examinar o tema do celibato eclesiástico na procura de explicações para os actos de pedofilia cometidos por membros do clero.
A declaração do cardeal surge tanto mais importante quanto Schönborn é considerado um homem próximo do Papa Bento XVI.
Numa publicação da sua diocese, hoje editada e citada pela AFP, o cardeal considera que devem ser examinadas sem compromisso as possíveis causas por trás dos escândalos de pedofilia que têm atingido vários países. Nos últimos dias, foram revelados casos na Alemanha, Áustria e Holanda.
“Isso inclui a questão da educação dos padres, tal como a questão do que se passou a seguir à revolução sexual da geração de 1968. Isso inclui o tema do celibato, tal como o desenvolvimento pessoal”, escreve o cardeal.
Na Áustria, nos últimos dias, foram tornados públicos três casos de abusos, relativos às décadas de 1970 e 80. Nos três casos, veio ao de cima o encobrimento que a hierarquia tinha feito do que se passara.
Schönborn acrescenta que compreende a frustração de numerosos funcionários de comunidades religiosas. “Basta de escândalos! Como fazemos nós para sermos considerados suspeitos de infracções que não cometemos? Porque é sempre à Igreja no seu conjunto que é apontado o dedo”, acrescenta.
Quem não tem dúvidas sobre a importância do celibato na questão é o teólogo germano-suíço Hans Küng, que viu várias das suas posições serem condenadas logo no início do pontificado de João Paulo II. Antigo colega do actual Papa na universidade, ainda na Alemanha, Küng admite que estas situações acontecem também nas famílias, escolas, associações e em igrejas onde não existe a regra do celibato.
Num artigo publicado no "Le Monde", sexta-feira passada, Hans Küng sublinha que “estes desvios não se devem atribuir ao celibato”. “Mas este é a expressão estrutural mais surpreendente da relação crispada que a hierarquia católica mantém com a sexualidade, a mesma que determina a sua relação com a questão da contracepção e outras.”
No texto, o autor de O Cristianismo – Essência e História, e de várias outras obras publicadas em português, acrescenta que no evangelho o celibato “não pode ser considerado senão como uma vocação livremente consentida (um ‘charisma’) e não como uma lei universalmente constrangedora”. E acrescenta: “É o celibato erigido em regra que contradiz o evangelho e a tradição do catolicismo primitivo. Convém, por isso, aboli-lo.”
A regra do celibato, escreve ainda este teólogo, tornou-se um pilar essencial do sistema “romano”, reforçando o clericalismo. Ao mesmo tempo, tornou-se hoje a causa principal do “défice catastrófico” do número de padres, do “abandono – carregado de consequências – da prática da comunhão e em muitos casos do desmoronamento da assistência espiritual personalizada”.
O cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, afirmou que a Igreja Católica deve examinar o tema do celibato eclesiástico na procura de explicações para os actos de pedofilia cometidos por membros do clero.
A declaração do cardeal surge tanto mais importante quanto Schönborn é considerado um homem próximo do Papa Bento XVI.
Numa publicação da sua diocese, hoje editada e citada pela AFP, o cardeal considera que devem ser examinadas sem compromisso as possíveis causas por trás dos escândalos de pedofilia que têm atingido vários países. Nos últimos dias, foram revelados casos na Alemanha, Áustria e Holanda.
“Isso inclui a questão da educação dos padres, tal como a questão do que se passou a seguir à revolução sexual da geração de 1968. Isso inclui o tema do celibato, tal como o desenvolvimento pessoal”, escreve o cardeal.
Na Áustria, nos últimos dias, foram tornados públicos três casos de abusos, relativos às décadas de 1970 e 80. Nos três casos, veio ao de cima o encobrimento que a hierarquia tinha feito do que se passara.
Schönborn acrescenta que compreende a frustração de numerosos funcionários de comunidades religiosas. “Basta de escândalos! Como fazemos nós para sermos considerados suspeitos de infracções que não cometemos? Porque é sempre à Igreja no seu conjunto que é apontado o dedo”, acrescenta.
Quem não tem dúvidas sobre a importância do celibato na questão é o teólogo germano-suíço Hans Küng, que viu várias das suas posições serem condenadas logo no início do pontificado de João Paulo II. Antigo colega do actual Papa na universidade, ainda na Alemanha, Küng admite que estas situações acontecem também nas famílias, escolas, associações e em igrejas onde não existe a regra do celibato.
Num artigo publicado no "Le Monde", sexta-feira passada, Hans Küng sublinha que “estes desvios não se devem atribuir ao celibato”. “Mas este é a expressão estrutural mais surpreendente da relação crispada que a hierarquia católica mantém com a sexualidade, a mesma que determina a sua relação com a questão da contracepção e outras.”
No texto, o autor de O Cristianismo – Essência e História, e de várias outras obras publicadas em português, acrescenta que no evangelho o celibato “não pode ser considerado senão como uma vocação livremente consentida (um ‘charisma’) e não como uma lei universalmente constrangedora”. E acrescenta: “É o celibato erigido em regra que contradiz o evangelho e a tradição do catolicismo primitivo. Convém, por isso, aboli-lo.”
A regra do celibato, escreve ainda este teólogo, tornou-se um pilar essencial do sistema “romano”, reforçando o clericalismo. Ao mesmo tempo, tornou-se hoje a causa principal do “défice catastrófico” do número de padres, do “abandono – carregado de consequências – da prática da comunhão e em muitos casos do desmoronamento da assistência espiritual personalizada”.
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