terça-feira, 17 de agosto de 2010

Fui acusado de tirar a fé às pessoas

Não acredito que tive esta discussão. Como é possível haver quem ainda pense assim. Eu explico:
Estava eu sentado a comer um delicioso corneto (passe a publicidade) na esplanada numa das bombas de uma das Paróquias (estou à vontade porque as 3 têm) quando se abeirou de mim um já conhecido senhor que gosta de provocar. Não é meu paroquiano, mas sim vizinho da Paróquia. Depois do cumprimento começou por me dizer que há quem não goste dele (acho que se estava a referir a mim) porque diz o que pensa. Disse-lhe que dizer o que pensa não tem mal, mau é não aceitar o que os outros pensam. Diz-me ele:"quer ver? Os padres vão acabar com a Igreja e a religião(onde é que já ouvi isto?). Perguntei-lhe porquê. "São a face da Igreja, mas uma face que já não inspira confiança. Já não parecem padres"-rematou. E continuou a dizer que "os padres perderam o sentido do sagrado. Já não andam com a "gola"(ri-me) nem de batina (esta foi para mim).Não se veem a rezar (ri-me novamente), não se veem de terço e as pessoas não olham para os padres como padres (que culpa tenho eu com isso). Olhe o nosso. Aquilo sim, é um padre a sério. Não tira a fé às pessoas." Aqui irritei-me. Sorri, mas de fodi.. Era para não perder tempo com este senhor, até porque quando estou numa hora de descanso a tomar um café ou outra coisa qualquer não gosto de falar de Igreja, das Paróquias etc. Mas como alguns só os apanho assim comecei por lhe dizer que não preciso que olhem para mim ao longe e digam: vai ali um padre. Preciso e quero é que me reconheçam como padre no tempo dedicado, no acolhimento que faço, na procura do padre para ouvir, aconselhar, consolar... E ainda mais importante... nas Eucaristias, no anúncio alegre da Palavra de Deus. Não estou a dizer que sou o melhor do mundo...longe disso... mas estou de consciência tranquila, porque tento isto a cada dia. Se fosse falar de mim para a Igreja aí é que tinha de ter mais cuidado. Como não falo de mim e não faço exercícios de propaganda, mas sim da Palavra de Deus e do Deus da Palavra, não vejo como o vestir, o fumar, o ser motard (não falou em tocar viola no altar, porque ão deve saber disso) etc etc me impeçam de o fazer. E não sou assim para ser diferente ou para os outros verem. Sou assim porque gosto, visto assim porque gosto, ando de mota porque gosto, fumo porque tenho esse vício... Se não fosse padre poderia ser da mesma forma. Julguei que já não houvesse quem pensasse assim.

3 comentários:

  1. Olá Padre Sandro!é verdade infelizmente em pleno sec xxi ainda há quem pense assim,confundem as coisas não se apoquente continue o seu caminho,precisamos muito de pessoas determinadas e convictas das suas decisões, decidiu ser padre pois seja, faça tudo o que está ao seu alcance, sempre pensando em Deus todo poderoso, e não se arrependa, muita força,Bem haja.

    ResponderExcluir
  2. A culpa deste senhor ser assim deve-se também em parte a alguns padres que se "fecham" em conceitos, vícios, dogmas e preconceitos e não aceitam que a sociedade muda. Em vez de evoluírem e tentarem perceber o porquê da sociedade mudar, criticam-na e criticam aqueles que se adaptam, que vivem e aceitam a mudança. Esquecem-se que o futuro da religião está na juventude e em vez de a chamar a si afastam-na. Ser padre está no interior de cada um não no exterior e naquilo que aparenta, está nas atitudes e na vontade de ajudar o próximo, de chamar a si novos fieis. Sei que o criticam por ser como é, mas a verdade é que cativa novos seguidores e passa a mensagem de Deus de uma forma directa. Critica a sociedade mas não a condena, adapta-se e estuda-a. Assim deve ser o padre dos novos tempos...

    ResponderExcluir
  3. Olá Marcio!gostei da expressão ser padre, está, no interior e não, no exterior de cada um,dando o exemplo nas atitudes, e na vontade de ajudar o proximo, é sem duvida o mais importante.Até porque padres podemos ser todos nós se seguir-mos este modelo.

    ResponderExcluir