Mais um funeral. Ou melhor... outro funeral. Não gosto do termo "mais um". Denota repetição e até falta de importância. Mais um Natal, mais uma Páscoa, parece que não se dá valor, porque é só mais um. Prefiro o termo "outro", porque é sempre diferente. Por isso, outro funeral. Ultimamente tem sido assim. Confesso que como Pároco é o que mais me custa. Custa pela dificuldade da procura das palavras, mas muitos mais pelos sentimentos partilhados. Sofro com os outros. Há uns anos, numa das Comunidades e num funeral, entrando em casa para rezar antes de irmos para a Igreja (também não gosto do termo "levantamento do corpo") os filhos dessa irmã que estava de partida lançaram-me um pedido: «Sr Padre, vá-se embora, não nos leve a nossa mãe». É isto que custa. A partida dos que amamos, a partida daqueles que vemos muitas vezes, ou às vezes. Também confesso que agora custa-me mais. A caminho de 9 anos em duas Comunidades e 4 numa, já começo a celebrar com os meus amigos e pelos meus amigos. Muitas vezes caem-me as lágrimas e as palavras saem com elas. Rezo por todos eles e elas e rezo por todos os que ficam. Rezo por mim, porque também fico. É preciso continuar a viver. É preciso continuar a ensaiar a peça para a podermos representar bem no final, no dia sua apresentação. Uma vida boa para todos, é o que desejo.
Porque custa ver partir...
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=A5Icj95Hisg