quinta-feira, 2 de julho de 2009

É impressionante

Na última reunião do Clero de Vila Verde fiquei chateado. Tudo começou quando fui confrontado por um colega mais velho pelo facto de dar a comunhão a uma mulher que não está casada pela Igreja. O espanto foi grande por constatar que sabem mais os Párocos das outras Comunidades da vida dos meus paroquianos do que eu. Sim. Porque para mim foi novidade. Não sabia se era ou não casada pela Igreja. Tinha mais que fazer se tivesse de ir a todos os assentos de quem dou a comunhão para confirmar se estão casados pela Igreja. Vejo ali apenas uma família que vive com dignidade, com duas filhas, uma delas já casada e pela Igreja, e, no caso da senhora, sempre trabalhou na Paróquia e, inclusivé, é coordenadora da Catequese.
Discutimos, mas confesso que não valeu a pena. A Igreja não muda, porque nós não a queremos mudar. Quem somos nós para julgar os outros? Será que não damos a comunhão a gente casada que comunga com menos dignidade? Pedirem-me para dizer a uma pessoa que trabalha na Paróquia, que leva uma vida digna, de quem toda a gente é amiga, para lhe dizer: "tem de deixar de ser catequista e de comungar!" Nunca, mas nunca na minha vida faria ou farei tal coisa.
Qual não foi o meu espanto quando, passados dias, recebi uma carta de um (colega?) padre da zona da Ribeira do Neiva a dizer-me que como comigo vale tudo não passaria mais nenhum atestado de idoneidade (documento a autorizar que alguém se ja padrinho) para as minhas Paróquias. Quero deixar claro, que não podemos confundir o trabalho das pessoas nas Paróquias com a possibilidade de poderem vir a ser padrinhos. Senti-me e sinto-me revoltado. Mas mais revoltado fiquei quando, por curiosidade, fui verificar se a pessoa em causa é ou não casada pela Igreja. Sorri quando vi que é casada... e pela Igreja.
É impressionante. Passamos a vida a julgar-nos uns aos outros! Parece que a nossa existência é para ser vivida na “barra do tribunal” e da constante avaliação de que somos alvos. Habitualmente o tribunal da vida é exigente e ainda mais cego que a justiça dos tribunais judiciais.

2 comentários:

  1. Eu nao sou casada pela igreja, apenas por civil. Isso significa que não posso comungar???? Vejo tanta gente que é casada pela igreja e comete os maiores pecados que pode haver, que é tentar matar, levantar falsos testemunhos, por as pesssoas mais arrasto do que a própria terra, e mesmo assim vão ao sabado e domingo à missa, e vão comungar com as mãos direitas! É justo?? Não não é... Cada um tem os seus pecados, e eu tb tenho os meus certamente, mas sei quando devo comungar ou não. e falo com Deus para que me perdoe... e sei que ele me ouve, já tive provas disso.... e no entanto nao sou casada pela igreja!!!! É apenas uma questão de mentalidade das pessoas... muitas pessoas já tem uma idade acima dos 30...40...50... mas não tem maturidade!!!! Isso revolta-me! Não é justo paára nós... Mas Deus lá vai fazendo a sentença de cada um...

    Gosto de ver o seu blog... muitas vezes dá-me conforto para pensar na vida de outra forma...

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  2. Deixe que a cumprimente e lhe agradeça a leitura deste blogue. Para mim é reconfortante saber que gosta de vir a este espaço.
    Quanto ao seu comentário quero dizer-lhe que se celebra a Eucaristia e está bem com Deus e com os outros não deixe de comungar. Deus enviou Jesus, que se fez alimento não só para quem é casado pela Igreja. O que é necessário é estar de bem consigo mesma, com Deus e com os outros. Isso é que é importante. Peço-lhe também para não cometer o mesmo erro dos outros ao julgar as comunhões do próximo. Relei-a a última parte da minha postagem.

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