A. O primeiro Congresso sobre o Sacerdócio do século XX, em Portugal, foi realizado em Braga, em 25 de Outubro de 1905. O primeiro do século XXI, sendo de cariz internacional, também foi realizado em Braga, de 12 a 15 de Janeiro de 2010, comemorando 450 anos da fundação do Colégio de S. Paulo, actual edifício do Seminário Conciliar.
15. Comunicar é serviço; não é protagonismo. Mas exige séria formação. Só assim poderá haver celebrações, sobretudo da eucaristia, que sejam espelho de uma comunidade salva e agradecida. Homilias curtas, incisivas e cobrindo os pontos essenciais.
B. Os congressistas tiveram uma singular oportunidade de, em conjunto, rezar, cantar, reflectir, dialogar, tomar refeições em comum, conviver, presenciar e participar em manifestações artísticas, mormente de índole musical, poética e teatral.
C. Atentos ao acontecimento do terramoto ocorrido no Haiti, os congressistas manifestaram a sua profunda vizinhança e comunhão com os sobreviventes e imploraram a Deus o repouso eterno para os numerosos falecidos.
D. O número de participantes superou as três centenas de presbíteros, vindo alguns de outras dioceses. Inscreveram-se também umas três dezenas de leigos.
E. A cobertura dos meios de comunicação foi bastante ampla, tendo-se utilizado, com proveito e eficiência, as novas tecnologias de comunicação.
F. O texto de Heb 2,17 foi a fonte de enraizamento bíblico que inspirou a multiplicidade de comunicações e testemunhos:
«Deve em tudo aos seus irmãos ser semelhante, a fim de misericordioso se tornar e fidedigno Sumo Sacerdote nas coisas para com Deus para propiciar os pecados do povo».
«Deve em tudo aos seus irmãos ser semelhante, a fim de misericordioso se tornar e fidedigno Sumo Sacerdote nas coisas para com Deus para propiciar os pecados do povo».
Realçamos, pois, as seguintes conclusões:
1. O presbítero dos nossos dias encara as transformações do mundo e seus reflexos na Igreja como soberana oportunidade para se dar conta de que o seu ministério é fundado sacramentalmente: compete-lhe manifestar claramente aos olhos dos outros fiéis que só um é Senhor da Igreja, só um a orienta e apenas um possui nela a Palavra - Jesus Cristo.
2. No ministério eclesial, não se coloca uma autoridade humana no lugar de Cristo, mas é Ele mesmo tornado presente sacramentalmente, um sinal eficaz que para Ele aponta e no qual Ele próprio garante agir.
3. O presbítero encaminha, pela palavra, sacramentos e prática da sua vida, os outros fiéis para a única cabeça da Igreja, para Cristo.
4. Toda a acção eclesial é, no sentido mais vasto, sacramental, isto é, acção representativa. Nela se realiza, se exprime, se corporiza aquilo que o próprio Deus realiza com os humanos. Por isso, só é autêntica quando dá corpo à acção de Cristo, à acção de Deus, e a torna simbolicamente visível.
5. É Deus que age na Igreja. É errado organizarmos as actividades eclesiais em função do êxito, do número. O que realmente conta é a disponibilidade para o envio sacramental, nomeadamente no anúncio da Palavra e, em sinais eficazes, chamar seres humanos para o Povo de Deus e acompanhá-los no caminho do seguimento do Senhor, dando-lhes coragem para o envio no mundo. “Êxito não é nenhum dos nomes de Deus” (Martin Buber).
6. O cerne do ministério presbiteral está em ser indicação sacramental, nos pontos nevrálgicos da vida Igreja, da comunhão entre Deus e o ser humano; e dos homens entre si. Celebrar a comunhão eucarística, sem procurar viver, - pelo menos com o mesmo peso - a comunhão quotidiana, e sem realizar a missão no interior do mundo, é algo perverso.
7. As novas realidades do nosso mundo exigem novas formas de ser presbítero. O ministério eclesial tem que ser colegial. É-se bispo no colégio dos bispos; é-se presbítero no presbitério. Quem possui o ministério da unidade deve agir unido. Mais, deve, quanto possível, viver conjuntamente, como exigia Santo Agostinho aos seus padres.
8. O padre tem de ser um homem de Deus, um mistagogo que conhece o mistério de Deus, o vive em comunhão, o celebra e o comunica com entusiasmo e alegria.
9. Anuncia uma Palavra salvadora, eficaz, de futuro e de esperança. Fá-lo com paixão por Aquele que é a Palavra e comprova a verdade do seu testemunho na compaixão pelos irmãos, verdadeiro caminho de paz e unidade. Segundo o Novo Testamento, Cristo é Sacerdote por assemelhação com os seus irmãos e não por separação.
10. É um sacerdote que incorporou a absoluta necessidade de formação permanente para possuir uma formação superior à média e poder responder com propriedade aos desafios completamente novos dos nossos dias.
11. É um padre que dedica muito tempo à formação dos leigos, não só para que a sua fé seja cada vez mais esclarecida e luminosa, mas para que desempenhem, com verdadeiro espírito missionário, as múltiplas tarefas que lhes são próprias: na família, na sociedade e na Igreja.
12. A unção do Espírito Santo, que a imposição das mãos realiza, é para que, pela acção do presbítero, aquilo que o baptizado já é sacramentalmente, se realize existencialmente, também na promoção dos diversos ministérios – nomeadamente o diaconado permanente – e em estilos de vida comunitária cada vez mais colegiais.
13. Os seminários, numa atitude maternal, devem acolher com benevolência os candidatos e saber exigir, com docilidade e firmeza, uma formação humana, espiritual, pastoral e cultural muito sólida, ancorada ainda no compromisso da formação permanente.
14. As pessoas manifestam, em esmagadora maioria, o desejo de que os sacerdotes tenham grande disponibilidade para ouvir e atender, acompanhar e aconselhar, serem alguém em quem se confia plenamente.
15. Comunicar é serviço; não é protagonismo. Mas exige séria formação. Só assim poderá haver celebrações, sobretudo da eucaristia, que sejam espelho de uma comunidade salva e agradecida. Homilias curtas, incisivas e cobrindo os pontos essenciais.
A hora de mudança e de transformações rápidas na sociedade e na Igreja exige claramente novos modos de organização da vida eclesial e novos estilos diversificados de exercício do ministério presbiteral. Os caminhos a percorrer e as decisões a tomar hão-de ser procurados, em comunidade, na escuta atenta da Palavra que nos salva e do seu rumor nas plurais palavras humanas.
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