quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tenho asas...

Foi, hoje, na hora do almoço, em Moure. Entrei num restaurante local para almoçar. Estava sozinho e ela perguntou se me podia fazer companhia, porque também estava sozinha. Nunca tinha parado para conversar com ela. Era uma como tantas outras. A conversa (e o almoço) foi tão agradável. Muitas vezes perdemos momentos destes, perdemos pessoas só por ficarmos pelo bom dia ou boa tarde ou o olá. Pessoas com as quais apenas nos cruzamos e que têm muito mais para nos dizer.
Nessa conversa perguntou-me como tenho aguentado tanto tempo em Moure, quando os sacerdotes anteriores e passo a citar "fizeram como os artistas de circo. Actuaram e foram". Claro que trouxe à conversa o caso da mudança de Pároco na cidade de Fafe. É verdade que eu próprio coloco a mim mesmo, inúmeras vezes, a mesma interrogação. Porque estou aqui? Ainda sou útil em Moure? E em Rio Mau? E em Escariz, S. Mamede? Não seria melhor para mim e para e as Comunidades que haja mudança? A resposta tem sido sempre a mesma. Não. Quer da minha parte quer da parte daqueles que me estão confiados. Não é menos verdade que há sempre quem queira a mudança. Um Padre que seja Pároco não agrada a todos. E para mais há algo que alguém escreveu que me faz sempre pensar: "não são os ventos nem as marés, só as âncoras, que nos permitem navegar". E quando me apetece mandar tudo pro... quando me sinto sem forças para continuar a lutar, ou quando me sinto cansado, como diz o meu amigo e condiscípulo Pe Vitor Rodrigo, de andar a encontrar soluções para problemas que não criei penso sempre neste pensamento: "Nada é pesado para quem tem asas". Foi isto que lhe disse quando ela me perguntou como aguentava suportar alguns dos acontecimentos dos últimos 10 anos. E acreditem que as minhas asas tem de ser mais fortes que o habitual, porque eu também sou pesado.

Um comentário:

  1. A propósito de "Asas"...

    Ouvir Eugénia Melo e Castro, em Youtube, na canção "As Asas"

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