terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sabes de cor...

Sabes de cor os números de telefone de pessoas passadas, esquecidas, mas não sabes o do teu amigo.
Sabes de cor os algarimos do teu VISA mas não sabes os algarismos do preço do brinquedo que te pediram.
Sabes de cor as cores do teu guarda fatos, mas desconheces as cores da bandeira do teu país natal.
Sabes tudo demasiado de cor e sabes pouco pelo sentimento forte que faz pulsar o coração.

Sabes de cor o anúncio repetido na rádio, mas não sabes a música favorita de quem te ama.
Sabes de cor o primeiro poema do livro do poeta conhecido, mas não leste o poema que escreveram com o teu nome.
Sabes de cor como é a voz do apresentador do noticiário da noite, desconheces o timbre da minha voz neste instante importante para mim.
Sabes tudo demasaido de cor, com pouca presença e carinho nas mãos que enfias nos bolsos.
Sabes de cor a que sabe o toque, desconheces o toque quando o coração vibra de paixão.
Sabes de cor o cheiro a café, não sabes o cheiro a café partilhado numa chávena alta, em pleno inverno, com a chuva na vidraça.
Sabes de cor as flores que se vendem na esquina do lado, mas nunca cheiraste uma.

Sabes tudo demasiado de cor...

Sabes de cor o momento em que vou sentir saudades, o instante em que bebo o leite antes de adormecer, os passos que dou antes de entrar no ginásio, mas ainda não me disseste quando o fazes, e eu não sei de cor.

Saber de cor,
as sombras que teu sol provoca,
as palavras que tua boca não diz,
e desconhecer o quente de um abraço.
Uma alentejana

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