Nas últimas semanas, em Moure, tem sido difícil entrar nos cafés, arrancar um sorriso, até mesmo nas celebrações, já que muitas tem sido missas de 7º dia. Isto tem uma justificação: a quantidade de funerais de gente nova (com menos de 65 anos): O Domingos, o Belarmino, o Joaquim e o António. E isto marca a Comunidade e marca-me a mim. Quanto mais os anos passam mais difícil é para mim ver partir paroquianos, porque cada vez mais vejo partir paroquinaos amigos. E isto acontece por causa do passar dos anos. Sei que tenho de ver a morte de forma diferente. Há quem diga isso, mas por vezes não consigo. E estas últimas semanas tem sido duras e tem doído não só ver partir amigos, mas partilhar sentimentos com as famílias.
Na terça-feira fez 2 anos que o meu pai teve um "pequeno" enfarte. Graças a Deus, a ele e aos médicos ficou bem. E agradeci a Deus ainda o ter comigo. Mas também me invadiu uma reflexão sobre a forma como, inúmeras vezes, não nos conseguimos aproveitar uns aos outros. Quantos jantares ficam por tomar, quantas conversas ficam por se ter, quantos cafés ficam por tomar etc?
Deixo esta reflexão a todos que a lerem, porque com a azáfama da vida nem damos conta que os anos passam e fica tanta coisa por fazer, dizer, pensar etc. Eu vou aproveitar o meu pai, mãe, irmão, cunhada, família e amigos o mais que puder. Penso que já aproveito, mas todos nós, como eu, podemos ser sempre melhores e estar mais presentes. Obrigado, Senhor, pela família que tenho e os amigos que vou construindo.
Padre eu tenho essa triste experiência, muito nova saí de casa dos meus pais para ir trabalhar e estudar, porque eles eram muito pobres e não tinham posses.Tinha 18 anos. Quando acabei o curso casei-me e fui para Moçambique. O casamento, não correu bem e regressados a Portugal após o 25 de Abril, fui viver para Lisboa, era filha única e os meus pais viviam em Évora e nunca constituimos uma familia unida devido ao fracasso do meu casamento. Só na Páscoa e nas férias estava com os meus pais. Eles pelas razões atrás referidas,poucas vezes vieram a minha casa. Nunca passámos um Natal juntos, Finalmente os queridos pais que muito amei e amo faleceram. Um o ano passado, o outro este ano. Posso afirmar que a dor foi a dobrar, pois eu não os consegui aproveitar suficientemente.
ResponderExcluirMaria
A vida, muitas vezes,toma caminhos difíceis de percorrer. Umas em que somos os causadores e outras não. O importante nesta sua partilha é nós aproveitarmos a lição do seu testemunho. A si apenas lhe quero dizer que não se sinta culpada. Há um termo da psicologia que se chama resilência que quer dizer poder de encaixe. Procure ser feliz "encaixando" essa dor e saudade sabendo viver com ela. Atenue essa dor com Oração e com a companhia daqueles que mais ama. Obrigado pelo testemunho que me fez pensar na riqueza que tenho. Vou rezar por si e pelos seus, mesmo não a nem os conhecendo.
ResponderExcluirObrigada padre.
ResponderExcluirÉ bom sentirmos do outro lado alguém que nos ouve e sobretudo que se oferece para rezar por nós. Sabe padre, vou fazer uma triste confidência, não consigo rezar, rezo muito pouco para aquilo que eu acho que devia rezar, até por alma dos meus pais. Eu acho que rezo mal, ainda que esteja sózinha distraio-me,desconcentro-me e perco a paciência.
Quando era jovem eu rezava um terço, um rosário, todos os dias, hoje nem uma dezena às vezes consigo. Eu no meu coração quero, mas na minha cabeça as coisas não se conseguem processar de igual maneira, é uma coisa estranha.
Um abraço e felicidades
Maria
A dias recebi a noticia que a minha mae tem um problema grave nesse momento o mundo desaba pensei que depois de ter passado o mesmo com a minha filha pensei que estava mais preparada para receber essas noticias mas nao estamos, nao estamos mesmo, ficamos sempre com o S na cabeça pensamos..... se fize se se fala se e os S nao nos saem da cabeça por isso muitas vezes nao aproveitamos os bons momentos.
ResponderExcluirJoana, concordo consigo há muitos ses, em nossa cabeça quando a dor nos bate à porta, culpamo-nos pelo que fizemos e por aquilo que não fizemos, nunca estamos preparados,eu graças a Deus tenho tido o apoio de palavras amigas,que me têm ajudado a ver e aceitar as coisas de outra maneira.
ResponderExcluirTal como diz o P. Sandro temos de aprender a ter poder de encaixe e oração. Coragem,
Um Abraço em Jesus
Maria