
Um pequeno miúdo regressava da escola na companhia da mãe.
Vinha triste. Os seus colegas na escola tinham novamente gozado com ele...
Sabia-se diferente dos outros, mas não gostava de ficar à margem, também queria divertir-se e estar com eles, fazer as mesmas coisas que eles.
Na verdade o pequeno era mesmo diferente de todos os seus colegas.
Não era muito bonito, tinha algumas dificuldades na coordenação dos movimentos, como também alguma dificuldade na expressão... no falar, no estar... e isso levava a que não pudesse acompanhar os colegas nas actividades normais do recreio...
No entanto não desistia, mesmo de forma tímida, procurava estar e participar. Ninguém queria ser seu parceiro, fazer equipa com ele... pois logo estavam condenados à derrota, ao fracasso... ninguém gostava de perder, e por isso muitas vezes era gozado por muitos deles!
No regresso a casa, a mãe tentava anima-lo com tudo aquilo que sabia e podia. Até que se lembrou de algo e lhe sussurrou ao ouvido!
Ele olhou para ela. Ela com um acenar de cabeça, fazia saber-lhe que era isso mesmo que ela dizia, que era verdade! Ele esboçou um enorme sorriso!
Um pouco mais adiante, perto de casa, o pequeno avistou um velho vaso de barro que se encontrava na berma da estrada, junto a outro lixo! Num segundo olhar, larga a mão da sua mãe e vai ao encontro do vaso para lhe pegar. Queria-o para si!
A mãe procurou demove-lo com vários tipos de argumentação... Dizia-lhe que era lixo, que estava partido, que era feio, que não tinha qualquer utilidade... não o queria deixar de modo algum, levar aquele vaso para casa. O miúdo não desistiu da sua ideia e a mãe não teve outra opção senão aceitar o “capricho” do filho.
Já em casa, nos dias seguintes, o pequenote não incomodava ninguém, andava entretido a cuidar do seu vaso de barro. Com muita amizade lá lhe tirou a sujidade, o lavou e o deixou secar. Num processo muito cuidadoso e elaborado, pegou em algum barro que tinha comprado, tapou as rachas e reconstruiu os bocados de estavam partidos e que não o tornavam um único objecto.
A mãe, ia olhando atentamente e não compreendia o porquê daquela súbita relação com aquele velho e inútil vaso, o porquê de todo aquele trabalho. Na verdade, ofereceu-se até para lhe comprar um vaso novo e muito mais bonito que aquele pedaço de lixo que nunca iria ter qualquer tipo de expressão.
O pequeno ignorava todas as tentativas da mãe de o demover daquele seu gesto. Apenas sorria... dizia que mais tarde ela iria compreender.
Terminada a recuperação do vaso de barro, os dias passavam e o vaso lá se mantinha no quarto sem qualquer utilidade... continuava a ser um vaso inútil, feio, e com todo um imenso barro desalinhado que lhe fora acrescentado.
Não tinha propriamente ficado mais bonito.
Um dia, estando o pequeno na escola, no limpar do quarto do filho, a mãe decide colocar o velho vaso no lixo e comprar um novo para o lugar deste.
Chegado a casa e ao quarto, o rosto do menino foi tomado por uma enorme tristeza. O seu vaso já não lá estava... a mãe dizia-lhe que era um outro mais bonito... mas este continuava dizendo que não era o seu vaso.
O pequeno chorou como nunca antes a mãe o tinha visto chorar.
A mãe procurava compreender... era um simples vaso... procurava que o pequeno lhe falasse o porquê de tamanha tristeza, mas ele não queria dizer.
Com a insistência própria das mães, lá conseguiu que o miúdo lhe falasse o porquê da sua amizade com aquele velho vaso.
O pequeno lá lhe fez saber e recordar as palavras que no outro dia, em que regressavam da escola, ela lhe tinha dito.
“Meu filho, não fiques triste. A mãe gosta muito de ti, todos nós gostamos de ti como és. Lembra-te como Deus te ama. Mesmo com todas as limitações e imperfeições, Deus ama-nos e nunca desiste de nós. Alegra-te! Sempre que as coisas parecem difíceis e impossíveis de contornar, Deus pega na nossa mão e indica-nos o melhor caminho a seguir... Ele nunca desiste de nós... de ti! Com as Suas mãos Ele molda-nos e torna-nos a moldar até que em nós se manifeste a perfeição divina. Ele torna-nos perfeitos, Ele torna-nos novos, guarda-nos... não fiques triste.”
Ele lá lhe explicou que quis dar àquele vaso feio, velho e partido, uma nova esperança. Queria tirá-lo da inutilidade em que vivia, queria “dizer-lhe” que mesmo limitado e imperfeito, havia alguém que não iria desistir dele. Com as suas mãos e o seu esforço, queria torna-lo novo aos olhos de todos.
Queria dar ao vaso a mesma esperança e a mesma alegria que ela lhe tinha dado quando ele estava triste.
Então mostrou à mãe uma foto dos dois com o pai. Este tinha ido para junto de Deus alguns meses antes... Queria colocar o vaso, para si novo, no seu quarto onde colocaria aquela foto junto de uma pequena vela que acenderia para que iluminasse o seu falar com Deus e com o seu pai que estava junto de Deus.
A mãe chorou amargamente e pediu desculpas ao filho pela sua atitude.
Correram os dois ao lixo e lá estava o vaso.
No entanto, a indiferença da mãe na limpeza, tinha quebrado o vaso de novo.
Juntos fizeram o compromisso de o recuperar!
No fim da noite, acenderam uma vela que colocaram junto da foto da família que já se encontrava no interior daquele vaso, agora novo!