Na passada semana tive a "felicidade" de presidir a duas celebrações exequiais. No meio da tristeza e da dor dos outros e minha consegui estar feliz. Aconteceu porque dei comigo a pensar no quão bem tratados foram estes idosos. Os dois com mais de 90 anos, mas com um rosto tão lindo e tão mimoso. Conheci-os bem de perto e posso dizer que partiram felizes para a felicidade eterna.
Mas o que me leva a fazer esta partilha é o testemunho deixado por quem cuida dos idosos. Há e houve nas comunidades que presido tanta gente que gastou a sua vida a cuidar do seus maridos ou esposas, pais, avós e tios. Conheço-os, sendo que algumas dessas pessoas já partilharam comigo momentos difíceis. Que grande testemunho. Ontem não saí de casa o dia todo e ocupei-o em grande parte a preparar um encontro que vou ter hoje com um grupo de alunos. Vou na qualidade de padre, mas acima de tudo de presidente de uma instituição e que lida com idosos diariamente. O tema é a velhice e como os novos olham e sentem a velhice dos outros, bem como o novo fenómeno da violência contra idosos. A par dos vários tipos de violência (física, sexual, financeira, psicológica, negligência, omissão de socorro, entre outras) há um moderno tipo de violência: o abandono. A assistente social do Hospital de S. Marcos liga com alguma frequência por motivos profissionais, quando há idosos abandonados no Hospital. Diz ela que há alturas terríveis: em alturas de Festa (Natal e Páscoa) e nas férias. Os idosos são abandonados nos hospitais para não serem um empecilho nessas alturas. Isto deixa-me revoltadíssimo. É de uma violência atroz. Que consigamos todos aproveitar e falar do testemunho daqueles e daquelas que nos dão essas lições de vida do que é amar até às últimas consequências.
A velhice é só mais uma etapa. Não o fim, longe disso! Pode muito bem ser o princípio...
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