terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ingenuidade sã

Na confissão é comum encontrar pessoas cuja geografia do pecado não pode ir mais além da casa que habita e das suas circuntâncias: o curral das ovelhas, o galinheiro, a loja da aldeia onde vai comprar as poucas coisas que precisa e que o campo, que ainda cultiva, não lhe dá. Tenho muitos paroquianos nesta situação, principalmente nas comunidades de Rio Mau e S. Mamede de Escariz.
Não vou cometer nenhuma inconfidência até porque são inúmeras as vezes em que isto acontece nas também inúmeras comunidades que percorro a confessar.
E como a vida com humor fica mais leve partilho algo acontecido por estes dias:
Na confissão parece que o seu maior pecado fora o facto das suas ovelhas terem ido comer as couves da vizinha. Fiquei-me pela tentação. Mas a vontade era a de lhe dizer que mandasse vir o rebanho à Igreja, pois na verdade, se ali alguém tinha pecado tinham sido as ovelhas e elas, sim, deveriam confessar-se! E como penitência… Que tal? Talvez pedir-lhes um queijito com o sabor e o frescor das couves do quintal da vizinha. Santa, aquela velhinha e sã a sua ingenuidade.

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